quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O que eles já sabem?

Quando quer ensinar um novo conteúdo para a turma, você:
A) Entra na classe e discorre sobre ele.
B) Apenas pergunta quem já ouviu falar a respeito do tema.
C) Na roda de conversa, quer saber o que cada um conhece sobre o asssunto.
D) Sugere uma atividade em que os alunos possam colocar em jogo informações e procedimentos que dominam?

Quanto à primeira atitude, há pouco a comentar: não existe aprendizado sem sentido ou sem relação com a realidade do estudante e espera-se que a prática de lançar conteúdos descontextualizados esteja cada vez menos presente na escola. O problema está em B e C. Muitos professores se dão por satisfeitos em apresentar uma questão, receber um sim ou um não como resposta - ou até ouvir algum comentário dos alunos mais falantes - e iniciar a aula conforme o planejado.

Nada disso, porém, pode ser considerado uma abordagem diagnóstica. Fazer perguntas sobre o assunto e conversar na roda são práticas importantes, porém insuficientes para esse objetivo. A avaliação inicial, em qualquer série ou disciplina, deve colocar o aluno em contato direto com o conteúdo a ser ensinado, dando oportunidade de ele mobilizar e usar seus conhecimentos. Portanto, a resposta certa ao teste é a alternativa D.

José Antonio Castorina, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Buenos Aires, afirma que, antes mesmo da intervenção educativa, os alunos têm ideias prévias sobre quase todos os temas que a escola aborda. O educador precisa conhecê-las para não ensinar o que elas sabem e não fazer propostas além do que são capazes de compreender. É importante ter em mente que o seu papel é ajudar a construir ideias mais profundas e próximas dos objetivos escolares.

A melhor maneira de fazer uma avaliação inicial, portanto, é propor uma situação-problema, como fez a professora Marjorie Regina de Sousa, da EMEF Leandro Klein, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. Para dar continuidade a questões do campo aditivo, em Matemática, ela elaborou um enunciado envolvendo a comparação de medidas e pediu que cada aluno procurasse a solução ao fazer registros no caderno. Ciente do nível de conhecimento da turma sobre os procedimentos para resolver esse tipo de questão, ela elaborou estratégias para continuar o processo de ensino e aprendizagem. Havia atividades tanto para os que não conseguiram propor um caminho para a resolução como para os que já ensaiavam a conta armada.

Propostas coerentes

Para Denise Tonello, coordenadora pedagógica do Colégio Miguel de Cervantes, em São Paulo, a atividade inicial deve ser sempre relacionada ao projeto que será desenvolvido. Ao analisar as produções da turma, você conhecerá o significado daquele conteúdo para o aluno e como ele o representa, e vai compreender a lógica educacional por trás das tarefas propostas. A heterogeneidade de conhecimentos presentes na classe ficará evidente, dando bases seguras para a elaboração de estratégias de ensino e o acompanhamento da evolução individual e coletiva.
Fonte: Revista Escola.

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